terça-feira, 23 de junho de 2009

A resposta dos estudantes

Por Henrique Esper

Na ultima quarta-feira, 17 de junho de 2009, foi aprovado pelo Supremo Tribunal Federal a não obrigatoriedade do diploma de jornalismo para exercer a profissão. Indignados com a decisão do Supremo estudantes e profissionais da área saíram às ruas, nesta segunda-feira, 22 de junho de 2009, para protestar.





Os participantes vestiam preto, usavam nariz de palhaço e carregavam colheres de pau, devido a comparação feita com cozinheiros, mas chegaremos lá daqui a pouco, e cartazes com frases como “pela boa informação diploma é a solução”.



O manifesto contou com a participação de estudantes de diversos locais do estado e do país: como de Campinas, Mogi das Cruzes e Rio de Janeiro. Mas, antes de falarmos mais sobre o protesto vamos rever e analisar os argumentos utilizados pelo STF para tomar tal decisão.


De acordo com os senhores ministros o diploma de jornalismo não garante a ética da profissão. Verdade! Entretanto isto não é exclusividade do jornalismo, nenhum diploma garante ética, logo (se pensamos por este lado) nenhuma profissão necessita de diploma.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, afirmou que jornalistas são como cozinheiros, basta aprender uma técnica específica para trabalhar. Se um cozinheiro prepara mal um prato o máximo que pode acontecer é a dor de barriga que o cliente irá sentir, se o jornalista der uma notícia falsa a reação da pessoa atingida não será afetada por muito tempo. Isto mostra quão superficial é o conhecimento de Mendes sobre as duas profissões: primeiro porque uma pessoa pode morrer de intoxicação alimentar dependendo do erro cometido pelo cozinheiro; e segundo porque o erro cometido pelo jornalista é muito difícil de se desfazer, quem não se lembra do caso da escola Base?

Outro motivo “importante” para a não obrigatoriedade do diploma, consiste no fato de que, segundo os ministros do STF, o jornalismo cerca a liberdade de expressão. Bom primeiro existem diversas formas dos leitores, telespectadores e internautas contribuírem para o conteúdo do veículo: eles podem escrever artigos, há o “você repórter”, e todos podem se comunicar com os veículos e sugerir pautas. Portanto este argumento, além de ser superficial segue um raciocínio muito simples. Se for assim a obrigatoriedade do diploma de Direito também deve cair, pois como fica o amplo direito de defesa se apenas o advogado pode nos representar perante o juiz?

Voltando para o protesto (agora vocês têm uma noção do porquê da revolta dos estudantes e dos jornalistas). O manifesto começou na estação Consolação do metrô de São Paulo, os estudantes marcharam até o hotel Renaissanse, onde o excelentíssimo presidente do STF Gilmar Mendes recebeu uma homenagem.



Com gritos de guerra como “eu mato eu mato, quem pegou o meu diploma para fazer pano de prato” e “cozinharam a notícia” os estudantes esperam que este manifesto mobilize os poderes Executivo e Legislativo para regulamentar a produção, pois não há como recorrer no Judiciário.

O ministro Gilmar Mendes ainda diz que esta decisão pode repercutir em outras profissões: “Na verdade essa é uma decisão que vai repercutir, inclusive sobre outras profissões. Em verdade, a regra da profissão regulamentada é excepcional, no mundo todo e também no modelo brasileiro” afirmou o ministro nesta terça-feira, 23 de junho, em Belo Horizonte.

2 comentários:

Verônica disse...

Na verdade eu começo a achar que a lei do diploma vai ser boa!
Boa pra filtrar os bons jornalistas e os jornalistas ruins...só quem gostar mesmo e for se dedicar à profissão é que vai continuar nos cursos!
Além de que, certeza que as empresas continuarão optando pelo diplomados!
A maioria dos países não exige diploma! Então...sem susto!

Giulia Smania disse...

Eu estava no protesto e sou contra a decisão...acho uma desvalorização da educação e de tudo o que aprendemos!E isso, independente de gostar ou não da profissão...
O protesto foi uma maneira de mostrarmos o quanto estamos insatisfeitos com a situação...pelo menos o direito de expressarmos a nossa opinião ainda temos!