quarta-feira, 17 de junho de 2009

A Palhaçada do Supremo

Por Sabrina Inserra

"A profissão não depende de um conhecimento técnico específico. A profissão de jornalista é desprovida de técnicas. É uma profissão intelectual ligada ao ramo do conhecimento humano, ligado ao domínio da linguagem, procedimentos vastos do campo do conhecimento humano, como o compromisso com a informação, a curiosidade. A obtenção dessas medidas não ocorre nos bancos de uma faculdade de jornalismo".

Foi com argumentos absurdos como esse que o Supremo Tribunal Federal derrubou a obrigatoriedade do diploma de jornalista. O presidente do STF, Gilmar Mendes, ainda chegou a comparar a profissão com a de cozinheiro.

Ora, se um chef erra no preparo de um prato, não é um problema tão grave. Na pior das hipóteses, o cliente passa mal e depois se recupera. Se um jornalista não faz direito o seu trabalho, pode comprometer a imagem de uma pessoa por um longo período - isso se não for pela vida toda. Isso me faz lembrar de um artigo do Felipe Pena, em que ele diz que jornalismo não tem fibrose. Segundo ele, "as feridas abertas pela difamação não cicatrizam".

Mais um argumento contra o diploma: "Quando uma notícia não é verídica, ela não será evitada pela exigência de que os jornalistas frequentem um curso de formação. (...) Não há razão para se acreditar que a exigência do diploma seja a forma mais adequada para evitar o exercício abusivo da profissão".

Se até os profissionais da área cometem erros graves, imaginem só aqueles que não tem o menor compromisso com a ética jornalística! O caminho não teria que ser exatamente o contrário? O melhor jeito de melhorar o conteúdo dos jornais não seria então investir na formação dos novos profissionais da área, para que estes prezem por um jornalismo de qualidade?

Já é tão difícil conquistar a tão almejada objetividade, e será ainda pior se aqueles que escrevem apenas porque sabem escrever passarem a fazer o trabalho de profissionais que passam noites em claro discutindo fervorosamente externa e internamente sobre a melhor versão possível da realidade.

Assim fica difícil de acreditar, não é mesmo?

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito boa a matéria, mas segue aqui uma dica: não menospreze outras profissões (cozinheiro) para poder comparar com a profissão em questão (jornalismo). Todas as profissões precisam de técnica, prática, conhecimentos, entre outros itens que são essenciais para a formação de uma pessoa. Quem disse que um chef (de cozinha) não compromete o nome dele se alguém passar mal com sua comida? Pense nisso.
Abraços ;)

Sabrina Inserra disse...

Você está certíssimo!
Fica a lição aprendida! ;)